[WID0106] Guest Post by Tânia: To All The Disguised Artists Out There

Heads up! This post has two versions: English & Português. Just keep scrolling to find the second version.

---

Aos Artistas Disfarçados Por Aí

Quando é que paraste de criar?
Quando é que caíste na mentira que tinhas de te conformar?
Parar?
Desistir?
Acreditaste na mentira que não és suficiente?
Não fazes o suficiente?

Eu vejo-te.
Vejo a caixa de lápis de cor que abandonaste na infância.
E sei que pensas nela cada vez que tudo fica negro.
E o grupo de dança que abandonaste?
A escola de teatro.
Os pés descalços e sujos de barro.
As Mãos que moldavam lindas peças.
Tinta até no cabelo…
Roupa personalizada,
A pessoa estranha do grupo
As ideias que te fazem acordar no meio da noite. Onde estão?

Eu vejo-te…
E vejo que te contentaste com o medíocre.
Muito bem, finalmente encaixaste-te no grupo.
Ao menos tens um salário digno e uma vida estável!
Mas na verdade a unica coisa estável em ti é a tua insatisfação.
Estás seco,
Apático,
Longe,
Frio.
Distanciaste-te tanto da tua essência,
De quem foste criado para ser.
Esqueceste-te de ser.
Enquanto focavas-te em fazer.

Eu vejo,
Que ainda culpas aquela professora.
Aquela que te disse que não tinhas talento.
Preocupas-te tanto com críticos
Quando o maior critico é tu!
Tu matas o “eu”
O “eu” que foste criado para ser.
E aos poucos afastas quem te criou
E assim deixaste de criar.

Isto é uma chamada!
Uma chamada à todos os artistas disfarçados por aí.
Aqueles que se esqueceram de quem são.
Da alegria de simplesmente criar,
E simplesmente ser.
Ao invés de só existir.
Aos artistas disfarçados de arquitetos,
Aos disfarçados de gestores,
Engenheiros,
Psicólogos,
Bancários,
Médicos,
Enfermeiros,
Dentistas,
Professores…
E afins.

Aos disfarçados de
“Eu não sou artista”.
Aos disfarçados de “qualquer coisa que dê dinheiro” mas se esqueceram
De onde vem o seu oxigénio.
Por isso sufocas.
E pensas que é depressão,
Crise existencial.
Caro Artista, isso é falta de criar!

Eu vejo-te!
Vejo-te esconderes-te nos teus medos
de pobreza
de falhar
de tentar e não ter forças para continuar.
Pega na tela, nos pinceis
Nas folhas, na caneta
No piano, no microfone
Nas sapatilhas, no tule
No barro, na massa.
Sem pensar,
Sem querer agradar,
Sem querer ser visto,
Sem querer vender…

Cria!
Cria porque a tua sanidade depende disso
Cria porque é a unica coisa que faz sentido
Erra!
Cai,
Parte,
Experimenta!
Rasga a tua alma e coloca alguma alma nesse mundo tão frio e sem graça.
Sem pressa,
Sem pressão.
Cria…

---

To All The Disguised Artists Out There

When did you stop creating?
When did you fall for the lie that you had to conform?
Stop?
Give up?
Did you believe the lie that you’re not enough?
That you don’t do enough?

I see you.
I see the box of colored pencils you abandoned in childhood.
And I know you think about it every time everything goes black.
And the dance group you left?
The theatre school.
The bare feet, dirty with mud.
The hands that molded beautiful pieces.
Paint even in your hair…
Customised clothes,
The strange person in the group
The ideas that wake you up in the middle of the night. Where are they?

I see you…
And I see that you settled for the mediocre.
Very good, you finally fit into the group.
At least you have a decent salary and a stable life!
But in truth, the only stable thing in you is your dissatisfaction.
You are dry,
Apathetic,
Distant,
Cold.
You’ve distanced yourself so much from your essence,
From who you were created to be.
You forgot how to be.
While you were so focused on doing.

I see,
That you still blame that teacher.
The one who told you that you had no talent.
You worry so much about critics
When the biggest critic is you!
You kill the “self”
The “self” you were created to be.
And little by little you push away the One who created you
And so, you stopped creating.

This is a call!
A call to all the disguised artists out there.
Those who forgot who they are.
The joy of simply creating,
And simply being.
Instead of just existing.
To the artists disguised as architects,
To those disguised as managers,
Engineers,
Psychologists,
Bankers,
Doctors,
Nurses,
Dentists,
Teachers…
And the like.

To those disguised as
“I’m not an artist.”
To those disguised as “whatever brings money” but who forgot
Where their oxygen comes from.
That’s why you suffocate.
And think it’s depression,
An existential crisis.
Dear Artist, that is a lack of creating!

I see you!
I see you hiding in your fears
Of poverty
Of failure
Of trying and not having the strength to continue.
Pick up the canvas, the brushes
The paper, the pen
The piano, the microphone
The ballet shoes, the tulle
The clay, the dough.
Without thinking,
Without trying to please,
Without trying to be seen,
Without trying to sell…

Create!
Create because your sanity depends on it
Create because it’s the only thing that makes sense
Fail!
Fall,
Break,
Try!
Tear your soul open and put some soul into this cold and dull world.
No rush,
No pressure.
Create…